2º Capítulo: 'Descanse em Paz'
A noite que para Lara começava a ficar tranquila após tantos acontecimentos seguidos, continuou serena mas não por muito tempo. Assim que chegou no quarto onde Winston estava hospedado, Lara não aguentou e uma lágrima escorreu de seu olho esquerdo. Chegando perto dele, ela se abaixou e quando iria dar um beijo em sua testa foi surpreendida com um suspiro fundo e sentido de Winston.
- Ton? Ton? Você me ouve? - ela limpa os olhos com uma das mãos após chorar.
Por ter sido submetido a vários remédios e calmantes, não conseguia esboçar nenhuma reação para confirmar qualquer pergunta que Lara fizesse, pois dormia profundamente. Ela em questão, vendo que o simples suspiro foi um puro acaso não desistiu de ainda assim conversar e lhe fazer um carinho como de uma filha para um pai.
- Ton? Eu prometo que vou descobrir o que aconteceu essa noite - Ela disse passando a mão esquerda em seus cabelos brancos.
A poltrona que o doutor Mark havia dito que estava lá, mesmo sem nenhum travesseiro não poderia ser melhor. Afinal, era macia, reclinável e ela poderia pelo menos ter uma impressão de que estava deitada numa cama quando caísse no sono, o que não demorou para acontecer.
Um barulho de algo sendo encravado numa carne, fez com que Lara acordasse repentinamente e se aterrorizasse com o que via. Winston estava sendo apunhalado no peito por alguém que não era possível de reconhecer, pois a luz do quarto estava apagada. Ao ver que Lara acabara de se levantar e vir direto em sua direção o indivíduo saiu correndo pela porta do quarto e Lara disparando suas pistolas em direção ao assassino, acabou acertando um médico que passava naquele momento bem em frente ao quarto.
Desesperada, ela foi em direção a Winston e colocando um dos travesseiros no qual ele se deitava para estancar o sangue, saiu o mais rápido que pôde, pois o alarme do hospital já havia sido acionado e toda a segurança já sabia que alguém tinha sido assassinado.
No caminho até o primeiro elevador, Lara passou pelo médico atingido e não acreditou que havia atirado em um inocente. Ela se culpava o tempo todo e estava desnorteada com a situação que parecia não ser real. Já no primeiro andar, Lara foi pega de surpresa por dois seguranças assim que virava um dos corredores em direção a saída do hospital. Como de costume, após uma breve luta ela saiu vitoriosa e os seguranças estendidos no chão. No estacionamento do hospital, ela foi surpreendida por mais cinco seguranças que não conseguiram pegá-la sem antes entrar em um táxi que estava esperando um paciente.
- Vai, vai! - disse Lara para o taxista.
- Senhora estou esperando um paciente que está tendo alta hoje, eu não posso levar a senhora - disse o homem assustado.
- Eu pago o dobro, anda logo! - Os seguranças começaram a atirar no táxi, fazendo o motorista mudar de idéia quase instantaneamente.
- Ok - concordou o taxista arrancando com o táxi e quebrando a cancela para os carros que entram e saem do hospital.
Uma corrida alucinante pelas ruas da Inglaterra foi assistida por muitos populares que transitavam no momento. Um tiro certeiro no vidro traseiro do táxi atingiu o motorista na cabeça e ele faleceu no mesmo instante deixando o carro desgovernado e Lara tendo que assumir a direção e dar um jeito de tirar o corpo antes que causasse um tremendo acidente vitimando mais inocentes. Infelizmente não teve outra opção a não ser abrir a porta e jogar o corpo com o carro em movimento. Lara fazia voltas e voltas nas ruas perto de sua mansão para não saberem que era para lá que ela iria. Trocando tiros de dentro do táxi conseguiu acertar dois dos cinco seguranças que a estavam perseguindo. Numa ação ousada, Lara acelerou o táxi e com uma manobra impressionante ficou de frente para o carro dos seguranças e acelerou ainda mais na direção deles.
Quando estavam prestes a bater, eles desviaram e foram parar direto num poste onde o motor do carro foi totalmente destruído deixando todos impossibilitados de continuar a perseguição. Vendo pelo retrovisor do carro o que havia acontecido com os seguranças, Lara conseguiu chegar em sua mansão ainda em reformas, após a explosão que o clone dela Doppelganger comandado por Natla ocasionou há dois meses atrás. Em meio a todos os alicerces, Lara conseguiu entrar e ao passar pela porta de entrada foi pega de surpresa, pois Hillary estava lá dentro sem Lara nem mesmo saber da visita inesperada...
- Hillary? - perguntou Lara ofegante - O que está fazendo aqui?
- Lara... O que... Eu queria saber...
Não havia tempo. Lara estava muito acelerada e desconfiada para ficar ali, no saguão da sua mansão logo após ser perseguida. Agarrou a desnorteada amiga pelo braço antes que ela terminasse de falar e levou-a para o subsolo da mansão, abaixo da biblioteca. Acendeu a lanterna.
- Lara, o que é isso? Eu só vim aqui pra saber como está Winston, o que você está fazendo...?
- Eu atirei num médico.
- Você o que?
- Digo, Winston... Ele... - Lara mal acreditava no que havia acontecido. Sua mente estava confusa e acelerada com todos os acontecimentos - Alguém o apunhalou. Alguém que eu não consegui distinguir. Então eu... Eu corri atrás e disparei, só que um médico passou na frente, eu estava confusa... A pessoa fugiu... E eu fugi da segurança...
- Lara, acalme-se! Vamos para cima, você toma um calmante...
- Não! - disse Lara decidida - Eu não preciso de calmante. Eu preciso saber o como está Winston agora, mas não posso voltar ao hospital.
- Quer que eu vá?
- Não, você fica aqui pois irei precisar de você. Outra pessoa pode fazer isso por mim.
Lara sabia exatamente a quem chamar. Após ela e Hillary se dirigirem ao quarto, Lara pegou o telefone e discou rapidamente um número.
- Zip?
- Ele mesmo.
- Zip, é a Lara. Preste bem atenção porque o tempo é curto. Você sairá agora do seu apartamento e dirigirá para o hospital aqui perto da minha mansão. Winston está internado lá, você verá como ele está e irá vigiá-lo. Entendeu?
- Mas hoje eu...
- Imediatamente. Obrigada - e desligou o telefone.
Silêncio seguiu-se. Receosa de qual pudesse ser a reação de Lara, Hillary perguntou, cautelosamente:
- Onde o apunhalaram, Lara?
Lara respirou fundo.
- No peito. No quarto onde ele estava repousando. Deus, eu estava lá. Eu estava dormindo, eu poderia protegê-lo. Se eu tivesse acordado segundos antes, eu tenho certeza que eu conseguiria pegá-lo...
- No peito...? Mas então ele...
- Não - disse Lara rapidamente, negando-se a ouvir o que tinha certeza que Hillary diria - Não o Winston. Não ele.
Novamente, ambas ficaram caladas por um longo tempo. Lara estava agindo da maneira que Hillary temia que ela agisse: não adiantaria tentar falar nada, ou convencê-la de algo. Ela necessitava organizar seus pensamentos e encontrar as soluções por si só. Após encher-se de coragem novamente, Hillary perguntou:
- Quem você acha que fez isso?
- Você acredita que, se eu soubesse, estaria aqui sentada em minha cama?
- Não. Mesmo assim, quem você acha que fez isso?
Lara levantou-se da cama. Ficar sentada pensando no que poderia ter feito e negando a realidade não ajudaria a solucionar o problema. Hillary parecia disposta a ajudá-la e, afinal, Lara pedira que ela ficasse ali para ajudar. Portanto, fazia sentido que aceitasse ser ajudada. Andou em círculos próxima à cama, pensativa.
- Não sei. Isso não faz sentido nenhum. Winston estava possuído, mas quem o atacou não foi espírito. Foi bem sólido...
- Não pode ter sido o espírito que o atacou - disse Hillary - O espírito estava bem confortável em usar o corpo do Winston, estava lutando muito para não sair. Ele não se voltaria contra o hospedeiro que tinha conseguido, de uma hora para a outra.
- Então - concluiu Lara - Definitivamente, quem fez isso foi humano.
Lara pensou mais um pouco. A pessoa que o apunhalou provavelmente já tinha ligação com o que vinha acontecendo com o mordomo. Então, ela chegou à mais uma hipótese:
- E se a pessoa que fez isso, além de apunhalar, foi quem colocou o espírito dentro de Winston?
- Mas então por que essa pessoa iria o apunhalar?
- Porque não precisava mais dele. Porque já tinha conseguido fazer o espírito entrar.
- No Winston? Então não o mataria, senão libertaria o espírito...
- Não, não no Winston - disse Lara - Na mansão.
Hillary pareceu confusa.
- Então... Você acha que a pessoa apenas utilizou o Winston como maneira de colocar o espírito na mansão, e depois se deu o trabalho de ir ao hospital e matá-lo, porque não precisava mais dele?
- Sim - respondeu Lara - É uma possibilidade.
- Mesmo assim, quem faria isso?
Tinham voltado à questão inicial, e que ainda permanecia longe de ser respondida. De repente, Lara lembrou-se.
- O colar!
- O que? - perguntou Hillary - Que colar?
- O colar! A pessoa que o apunhalou usava um colar brilhante ao redor do pescoço! Eu notei quando ela saiu para o corredor pois reluzia bastante. Aquele colar... Eu conheço aquele colar, ele é familiar...
Lara, animada pela a recordação, correu à biblioteca para certificar-se de que aquela sensação tinha fundamento. Ela conhecia aquele colar, sabia que conhecia... E aquilo poderia ser a chave de tudo. Daquela maneira, ela poderia descobrir quem cometera aquele ato cruel contra Winston. E então se vingaria.
- Espere Lara. Certeza que você viu esse colar mesmo? Não foi impressão...? - disse Hillary apressada, mas tarde demais, pois Lara já estava decidida a descobrir que colar era aquele.
Lara sentou na biblioteca e começou a vasculhar em todos os livros que conseguia alcançar e que sabia que poderiam ser úteis sobre o colar que vira. Hillary chegou junto à ela, e tentou, em vão, fazê-la mudar de ideia, porque era loucura tentar procurar alguém pelo colar que a pessoa usava. Além do mais, naquele momento Lara estava nervosa, e poderia ter visto coisas que não tinha realmente visto. Lara, po´rem, apenas mandou que ela fosse, de cômodo em cômodo, checar se o espírito estava na mansão.
Finalmente, ela encontrou um livro que tinha a gravura do colar, exatamente idêntico ao que estava ao redor do pescoço daquela pessoa no hospital. Ela sabia que já tinha o visto em algum lugar! Desesperadamente, começou a absorver tudo que tinha no livro sobre o artefato. Estava tão aficcionada pelas novas descobertas que deu um salto da cadeira quando, de repente, o som do telefone tocando soou alto dentro da biblioteca. Ela levantou-se rapidamente e atendeu o telefone.
- Lara Croft.
- Lara... Aqui é o Zip... Eu... Eu já cheguei ao hospital.
O estômago de Lara se contraiu. Essa era uma das únicas vezes na vida em que ela sentiu pavor. A vida nunca lhe tinha parecido tão real e terrível quanto soava pela voz de Zip, do outro lado da linha. Ela tentou expressar indiferença, mas teve certeza que sua voz tremeu ao fazer a pergunta que nunca queria ter feito:
- Como está Winston?
- Lara... - disse Zip, irritantemente hesitante - ...Winston morreu.
A noite que para Lara começava a ficar tranquila após tantos acontecimentos seguidos, continuou serena mas não por muito tempo. Assim que chegou no quarto onde Winston estava hospedado, Lara não aguentou e uma lágrima escorreu de seu olho esquerdo. Chegando perto dele, ela se abaixou e quando iria dar um beijo em sua testa foi surpreendida com um suspiro fundo e sentido de Winston.
- Ton? Ton? Você me ouve? - ela limpa os olhos com uma das mãos após chorar.
Por ter sido submetido a vários remédios e calmantes, não conseguia esboçar nenhuma reação para confirmar qualquer pergunta que Lara fizesse, pois dormia profundamente. Ela em questão, vendo que o simples suspiro foi um puro acaso não desistiu de ainda assim conversar e lhe fazer um carinho como de uma filha para um pai.
- Ton? Eu prometo que vou descobrir o que aconteceu essa noite - Ela disse passando a mão esquerda em seus cabelos brancos.
A poltrona que o doutor Mark havia dito que estava lá, mesmo sem nenhum travesseiro não poderia ser melhor. Afinal, era macia, reclinável e ela poderia pelo menos ter uma impressão de que estava deitada numa cama quando caísse no sono, o que não demorou para acontecer.
Um barulho de algo sendo encravado numa carne, fez com que Lara acordasse repentinamente e se aterrorizasse com o que via. Winston estava sendo apunhalado no peito por alguém que não era possível de reconhecer, pois a luz do quarto estava apagada. Ao ver que Lara acabara de se levantar e vir direto em sua direção o indivíduo saiu correndo pela porta do quarto e Lara disparando suas pistolas em direção ao assassino, acabou acertando um médico que passava naquele momento bem em frente ao quarto.
Desesperada, ela foi em direção a Winston e colocando um dos travesseiros no qual ele se deitava para estancar o sangue, saiu o mais rápido que pôde, pois o alarme do hospital já havia sido acionado e toda a segurança já sabia que alguém tinha sido assassinado.
No caminho até o primeiro elevador, Lara passou pelo médico atingido e não acreditou que havia atirado em um inocente. Ela se culpava o tempo todo e estava desnorteada com a situação que parecia não ser real. Já no primeiro andar, Lara foi pega de surpresa por dois seguranças assim que virava um dos corredores em direção a saída do hospital. Como de costume, após uma breve luta ela saiu vitoriosa e os seguranças estendidos no chão. No estacionamento do hospital, ela foi surpreendida por mais cinco seguranças que não conseguiram pegá-la sem antes entrar em um táxi que estava esperando um paciente.
- Vai, vai! - disse Lara para o taxista.
- Senhora estou esperando um paciente que está tendo alta hoje, eu não posso levar a senhora - disse o homem assustado.
- Eu pago o dobro, anda logo! - Os seguranças começaram a atirar no táxi, fazendo o motorista mudar de idéia quase instantaneamente.
- Ok - concordou o taxista arrancando com o táxi e quebrando a cancela para os carros que entram e saem do hospital.
Uma corrida alucinante pelas ruas da Inglaterra foi assistida por muitos populares que transitavam no momento. Um tiro certeiro no vidro traseiro do táxi atingiu o motorista na cabeça e ele faleceu no mesmo instante deixando o carro desgovernado e Lara tendo que assumir a direção e dar um jeito de tirar o corpo antes que causasse um tremendo acidente vitimando mais inocentes. Infelizmente não teve outra opção a não ser abrir a porta e jogar o corpo com o carro em movimento. Lara fazia voltas e voltas nas ruas perto de sua mansão para não saberem que era para lá que ela iria. Trocando tiros de dentro do táxi conseguiu acertar dois dos cinco seguranças que a estavam perseguindo. Numa ação ousada, Lara acelerou o táxi e com uma manobra impressionante ficou de frente para o carro dos seguranças e acelerou ainda mais na direção deles.
Quando estavam prestes a bater, eles desviaram e foram parar direto num poste onde o motor do carro foi totalmente destruído deixando todos impossibilitados de continuar a perseguição. Vendo pelo retrovisor do carro o que havia acontecido com os seguranças, Lara conseguiu chegar em sua mansão ainda em reformas, após a explosão que o clone dela Doppelganger comandado por Natla ocasionou há dois meses atrás. Em meio a todos os alicerces, Lara conseguiu entrar e ao passar pela porta de entrada foi pega de surpresa, pois Hillary estava lá dentro sem Lara nem mesmo saber da visita inesperada...
- Hillary? - perguntou Lara ofegante - O que está fazendo aqui?
- Lara... O que... Eu queria saber...
Não havia tempo. Lara estava muito acelerada e desconfiada para ficar ali, no saguão da sua mansão logo após ser perseguida. Agarrou a desnorteada amiga pelo braço antes que ela terminasse de falar e levou-a para o subsolo da mansão, abaixo da biblioteca. Acendeu a lanterna.
- Lara, o que é isso? Eu só vim aqui pra saber como está Winston, o que você está fazendo...?
- Eu atirei num médico.
- Você o que?
- Digo, Winston... Ele... - Lara mal acreditava no que havia acontecido. Sua mente estava confusa e acelerada com todos os acontecimentos - Alguém o apunhalou. Alguém que eu não consegui distinguir. Então eu... Eu corri atrás e disparei, só que um médico passou na frente, eu estava confusa... A pessoa fugiu... E eu fugi da segurança...
- Lara, acalme-se! Vamos para cima, você toma um calmante...
- Não! - disse Lara decidida - Eu não preciso de calmante. Eu preciso saber o como está Winston agora, mas não posso voltar ao hospital.
- Quer que eu vá?
- Não, você fica aqui pois irei precisar de você. Outra pessoa pode fazer isso por mim.
Lara sabia exatamente a quem chamar. Após ela e Hillary se dirigirem ao quarto, Lara pegou o telefone e discou rapidamente um número.
- Zip?
- Ele mesmo.
- Zip, é a Lara. Preste bem atenção porque o tempo é curto. Você sairá agora do seu apartamento e dirigirá para o hospital aqui perto da minha mansão. Winston está internado lá, você verá como ele está e irá vigiá-lo. Entendeu?
- Mas hoje eu...
- Imediatamente. Obrigada - e desligou o telefone.
Silêncio seguiu-se. Receosa de qual pudesse ser a reação de Lara, Hillary perguntou, cautelosamente:
- Onde o apunhalaram, Lara?
Lara respirou fundo.
- No peito. No quarto onde ele estava repousando. Deus, eu estava lá. Eu estava dormindo, eu poderia protegê-lo. Se eu tivesse acordado segundos antes, eu tenho certeza que eu conseguiria pegá-lo...
- No peito...? Mas então ele...
- Não - disse Lara rapidamente, negando-se a ouvir o que tinha certeza que Hillary diria - Não o Winston. Não ele.
Novamente, ambas ficaram caladas por um longo tempo. Lara estava agindo da maneira que Hillary temia que ela agisse: não adiantaria tentar falar nada, ou convencê-la de algo. Ela necessitava organizar seus pensamentos e encontrar as soluções por si só. Após encher-se de coragem novamente, Hillary perguntou:
- Quem você acha que fez isso?
- Você acredita que, se eu soubesse, estaria aqui sentada em minha cama?
- Não. Mesmo assim, quem você acha que fez isso?
Lara levantou-se da cama. Ficar sentada pensando no que poderia ter feito e negando a realidade não ajudaria a solucionar o problema. Hillary parecia disposta a ajudá-la e, afinal, Lara pedira que ela ficasse ali para ajudar. Portanto, fazia sentido que aceitasse ser ajudada. Andou em círculos próxima à cama, pensativa.
- Não sei. Isso não faz sentido nenhum. Winston estava possuído, mas quem o atacou não foi espírito. Foi bem sólido...
- Não pode ter sido o espírito que o atacou - disse Hillary - O espírito estava bem confortável em usar o corpo do Winston, estava lutando muito para não sair. Ele não se voltaria contra o hospedeiro que tinha conseguido, de uma hora para a outra.
- Então - concluiu Lara - Definitivamente, quem fez isso foi humano.
Lara pensou mais um pouco. A pessoa que o apunhalou provavelmente já tinha ligação com o que vinha acontecendo com o mordomo. Então, ela chegou à mais uma hipótese:
- E se a pessoa que fez isso, além de apunhalar, foi quem colocou o espírito dentro de Winston?
- Mas então por que essa pessoa iria o apunhalar?
- Porque não precisava mais dele. Porque já tinha conseguido fazer o espírito entrar.
- No Winston? Então não o mataria, senão libertaria o espírito...
- Não, não no Winston - disse Lara - Na mansão.
Hillary pareceu confusa.
- Então... Você acha que a pessoa apenas utilizou o Winston como maneira de colocar o espírito na mansão, e depois se deu o trabalho de ir ao hospital e matá-lo, porque não precisava mais dele?
- Sim - respondeu Lara - É uma possibilidade.
- Mesmo assim, quem faria isso?
Tinham voltado à questão inicial, e que ainda permanecia longe de ser respondida. De repente, Lara lembrou-se.
- O colar!
- O que? - perguntou Hillary - Que colar?
- O colar! A pessoa que o apunhalou usava um colar brilhante ao redor do pescoço! Eu notei quando ela saiu para o corredor pois reluzia bastante. Aquele colar... Eu conheço aquele colar, ele é familiar...
Lara, animada pela a recordação, correu à biblioteca para certificar-se de que aquela sensação tinha fundamento. Ela conhecia aquele colar, sabia que conhecia... E aquilo poderia ser a chave de tudo. Daquela maneira, ela poderia descobrir quem cometera aquele ato cruel contra Winston. E então se vingaria.
- Espere Lara. Certeza que você viu esse colar mesmo? Não foi impressão...? - disse Hillary apressada, mas tarde demais, pois Lara já estava decidida a descobrir que colar era aquele.
Lara sentou na biblioteca e começou a vasculhar em todos os livros que conseguia alcançar e que sabia que poderiam ser úteis sobre o colar que vira. Hillary chegou junto à ela, e tentou, em vão, fazê-la mudar de ideia, porque era loucura tentar procurar alguém pelo colar que a pessoa usava. Além do mais, naquele momento Lara estava nervosa, e poderia ter visto coisas que não tinha realmente visto. Lara, po´rem, apenas mandou que ela fosse, de cômodo em cômodo, checar se o espírito estava na mansão.
Finalmente, ela encontrou um livro que tinha a gravura do colar, exatamente idêntico ao que estava ao redor do pescoço daquela pessoa no hospital. Ela sabia que já tinha o visto em algum lugar! Desesperadamente, começou a absorver tudo que tinha no livro sobre o artefato. Estava tão aficcionada pelas novas descobertas que deu um salto da cadeira quando, de repente, o som do telefone tocando soou alto dentro da biblioteca. Ela levantou-se rapidamente e atendeu o telefone.
- Lara Croft.
- Lara... Aqui é o Zip... Eu... Eu já cheguei ao hospital.
O estômago de Lara se contraiu. Essa era uma das únicas vezes na vida em que ela sentiu pavor. A vida nunca lhe tinha parecido tão real e terrível quanto soava pela voz de Zip, do outro lado da linha. Ela tentou expressar indiferença, mas teve certeza que sua voz tremeu ao fazer a pergunta que nunca queria ter feito:
- Como está Winston?
- Lara... - disse Zip, irritantemente hesitante - ...Winston morreu.