Tomb Raider: A Herança dos Sacerdotes
Escrito por Richard Bentham
Parte 4 – O Fim Da Linha
Capítulo 12 - Contratempo
Os capangas amarraram Lara pelos pés e pelas mãos com cabos elétricos. Um dos capangas entregou a mochila de Lara à Rutland.
- Nós retiramos tudo dela, senhor.
- Bom trabalho. Vamos ver o que temos aqui...
Rutland abriu a mochila. Por um segundo, pareceu surpreso ao ver o que havia dentro, mas logo depois assumiu uma expressão de deboche.
- Quem diria... Você realmente conseguiu o fragmento australiano do Pergaminho do Tempo. Você surpreende, Lara Croft. Mas não vejo a lógica de você ter vindo até aqui. Você queria que eu tomasse o seu fragmento do pergaminho, é isso?
- Na verdade, só queria te enganar bem debaixo do seu nariz – respondeu Lara – E olha, até que eu fui bem longe, invadi a base sem ninguém perceber, e até matei um de seus capangas.
Rutland riu.
- Você achou que chegaria na minha base e roubaria os fragmentos do pergaminho de mim? Bem debaixo do meu nariz? Realmente não esperava por essa. Mas obrigado, você facilitou meu trabalho. Agora tenho três pedaços do pergaminho, e só falta o de Madagascar, para onde vou agora. Portanto, Lara Croft, assista minha vitória aí mesmo, confortavelmente amarrada. Jones, vamos, vamos voar logo. E preciso que quatro capangas venham junto comigo.
Rutland começou a seguir para o helicóptero.
- Senhor, espere. Por que não matá-la? Perguntou um dos capangas.
Rutland parou.
- Não recebi tais ordens.
Ele virou-se e voltou a seguir para o helicóptero. Então, de súbito, Rutland parou novamente e falou algo para o piloto. Este foi ao escritório e voltou com uma caixa de ouro, e a entregou a Rutland. Parecia tudo já estar pronto para a partida dentro do helicóptero. De repente, soou uma voz mecânica dentro da base.
- Preparando procedimentos para drenagem do lago... Drenagem do lago artificial iniciada.
Lara não acreditou até que ouvisse o som de água vindo das paredes: o lago estava mesmo sendo drenado. O som parecia vir do teto e se propagar pelas paredes. A impressão era de que havia um oceano invisível dentro da base. Alguns minutos depois, a voz voltou a ecoar pela sala:
- Procedimento de drenagem do lago completado com sucesso.
O teto da base começou a abrir-se como uma porta dupla de correr. Era possível ver o céu do outro lado: o lago parecia nunca ter estado lá cobrindo a base. Então, finalmente, o piloto do helicóptero ligou o motor e a hélice começou a girar, fazendo muito barulho e levantando objetos leves, o que levou todos a protegerem os olhos e ouvidos.
Lara tentou se mover – não podia deixar Rutland escapar daquela maneira, na sua frente e com os fragmentos do pergaminho. Fazendo uma força quase sobre-humana, começou a mexer as mãos discretamente e insistentemente, enquanto todos estavam distraídos com o helicóptero, o que fez com que os cabos envolvendo seus pulsos se afrouxassem. Dessa maneira, fora fácil alcançar e afrouxar os cabos que amarravam seus tornozelos. “Mercenários incompetentes”, pensou Lara.
O helicóptero estava agora passando lentamente pelo teto aberto da base, e o capanga ao lado de Lara parecia em transe e extremamente surpreendido pela cena, como se nunca tivesse visto um helicóptero antes. Era a chance de Lara. Com as pernas soltas, num movimento rápido, deu uma rasteira no capanga, que se assustou e disparou a arma para o alto. Todos olharam assustados. Lara rapidamente se levantou e pegou a AK-47 do capanga que ela havia nocauteado. Mesmo extremamente abismados, os mercenários começaram a atirar, porém a surpresa do que Lara acabara de fazer dera tempo a ela, com a AK-47, começasse a correr e atirar quase ao mesmo tempo que os guardas. O caos se instalou no local. O helicóptero acabara de passar pelo teto, mas era possível ver um espantado Rutland observando a confusão na sua base.
- Vocês vão ter que fazer melhor que isso! Disse Lara, enquanto acertava o joelho de um dos homens e escondia-se atrás de um contêiner. Além dos contêineres, o visível mau-preparo dos capangas de Rutland era o fator que mais contribuía para a pelo menos momentânea vitória de Lara Croft.
Em meio a guerra, mesmo sem ninguém perceber, a voz mecânica soava novamente:
- Procedimento de bombeamento do lago artificial iniciado.
O som de água voltou a ecoar dentro da base, ao mesmo tempo que o teto estava quase fechado.
O tiroteio persistia. Lara acertou mais um capanga enquanto corria de um contêiner para o outro. Ela comentou para si mesma:
- Não dá para acreditar que Rutland paga por esses idiotas, e ainda tem confiança neles.
Foi aí que um borrão de luz vermelha cruzou o ar em direção à Lara, o que chamou sua atenção. Todos olharam com uma expressão de horror e pararam de atirar. Naquela fração de segundos, o silêncio era tamanho que seria possível ouvir uma pena atingindo o chão. Na mesma hora, Lara percebeu do que se tratava o borrão. Virou-se, correu e pulou o mais longe que pôde; Mas antes mesmo de aterrissar, a granada tocou o chão e quase momentaneamente explodiu, liberando um enorme clarão e um ruído ensurdecedor.
E num piscar de olhos, o que parecia ser um caos insuperável piorou: com todos atordoados e parcialmente surdos, as paredes de base começaram a ranger, as luzes apagaram e acenderam-se luzes vermelhas de emergência. E, em questão de instantes, as paredes de metal não aguentaram a pressão da água que ainda estava sendo bombeada de volta à superfície, e arrebentaram-se em diversos pontos, rapidamente inundando a base. A voz mecânica dizia o óbvio:
- Procedimento de bombeamento do lago artificial falhou. Evacuar a base.
Agora era cada um por si. Todos começaram a correr em todas as direções e a trancar-se em salas, com medo de que o nível de água dentro da base aumentasse demais. Incrivelmente, ninguém parecia lembrar-se de Lara Croft.
Lara, recobrada da explosão e do choque, começou rapidamente a agir. A água já passava de seu peito, e a base piscava de luzes vermelhas e enchia-se de gritos e sons de alerta. Ela precisava encontrar uma saída. Com a base parcialmente submersa, era arriscado demais, senão suicídio, tentar sair por meio da sala pela qual ela entrou: a Central de Energia. Lara decidiu que a sala de Rutland seria a melhor opção para sair, pois uma sala importante como aquela com certeza teria algum tipo de contato com o exterior. Ela nadou até lá, passou pela porta e procurou por um tubo de ventilação. Encontrou, nadou por ele e foi sair no tubo ao lado do qual ela havia entrado. A caverna não estava submersa. Lara finalmente pôde respirar.
- Ora, quem diria – comentou – Se eu tivesse escolhido o tubo do lado, já teria ido direto para a sala de Rutland... Bem, hora de continuar. Tenho que chegar à Madagascar o quanto antes possível.
Lara tomou fôlego e pulou na água para sair do lago, que estava consideravelmente mais baixo, para voltar ao jatinho.